11 de novembro de 2009

Palmeira dos Índios chora a morte do Padre Tito

     

      Faleceu ontem, 10 de novembro, o Padre Ivanilton de Assis, 35 anos, mais conhecido como Padre Tito. O padre foi encontrado morto em sua residência no bairro São Francisco em Palmeira dos Índios, o mesmo faleceu após ingerir chumbinho (veneno usado para matar ratos).

      Padre Tito  padecia de depressão após ter sofrido um acidente automobilístico onde ficou com sequelas no cérebro, logo após foi afastado da Paróquia de Pariconha no sertão de Alagoas após o episódio de outro acidente quando perdeu o controle de seu veículo atolando-o. O Padre pediu ajuda da polícia militar para retirar o veículo do lamaçal e a polícia encontrou um revólver calibre 38 numa das portas do carro. Sem permissão para portar armas o Padre Tito foi preso e depois liberado.

      De acordo com informações de conhecidos, nos últimos dias, o padre estava muito triste e ingeria bebida alcoólica com frequência. Testemunhas também relatam que Padre Tito deixou uma mensagem para seus amigos e uma carta para seu pai onde explica os motivos da morte. Informações também dão conta de que o religioso distribuiu seus bens entre parentes e amigos, fato que aponta que o mesmo havia planejado o suicídio.

      Sem dúvida, uma grande perda para nós católicos de Palmeira dos Índios. Pe Tito antes da sua ordenação, foi um grande pregador da Renovação Carismática Católica e atuava na Paróquia de São Sebastião. Era uma grande referência para a juventude, mas infelizmente as circunstâncias o levaram a este fim trágico.

    Hoje, 11 de novembro, às 9 horas da manhã, o Bispo Diocesano de Palmeira dos Índios, D. Dulcênio Fontes de Matos juntamente com o Bispo Emérito D. Fernando Iório Rodrigues e o Bispo Secretário do Setor Nordeste II da CNBB D. Genival celebraram a missa de corpo presente, juntamente com todo o clero da diocese, na Igreja de São Sebastião no Bairro São Francisco. Foi uma celebração bastante sentimental. Em sua homilia, D. Genival falou acerca da insondável misericórdia de Deus para com seus filhos. D. Dulcênio enfatizou que foi dada toda a assistência diocesana ao Padre Tito e esteve tal como um pai ao lado do padre sempre que ele precisava. D. Fernando iório, que o ordenou em 30 de novembro de 2005, também relembrou a pessoa bastante humana que foi o Tito, além de relembrar que o mesmo era um cantante das glórias de Deus. No decorrer da missa, D. Dulcênio leu a nota que foi direcionada à imprensa a respeito da trágica morte do clérigo.
     
      Acompanhe a nota na íntegra:


Com profundo pesar e extrema dor, o Bispo, os presbíteros e os fiéis da Diocese de Palmeira dos Índios receberam a trágica notícia do falecimento do Pe. Ivanílton de Assis, do clero desta Igreja particular, ocorrida ontem na sé episcopal. Nesse momento tão doloroso e difícil para todos nós, a inominável desolação que invade os corações dos familiares do falecido, por uma perda tão grande, é também sentida em todas as paróquias da Diocese, onde nossos pastores são muito amados e respeitados.

Ordenado sacerdote no dia 30 de novembro de 2005, o Pe. Ivanílton de Assis exerceu o ministério presbiteral somente em nossa Diocese, mais precisamente no alto sertão: primeiro, como Vigário Paroquial da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Água Branca; depois, como pastor da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, em Pariconha. É nosso imperioso dever tributar graças a Deus pelo dom do sacerdócio ministerial do Pe. Ivanílton, por meio do qual, nesses quatro anos de presbiterato, muitos homens e mulheres foram batizados, muitos pecadores foram perdoados, muitos corações foram acalentados, muitos enfermos foram consolados, muitas almas foram alimentadas pela Palavra de Deus e pela Santíssima Eucaristia.

As dificuldades enfrentadas nos últimos meses de sua vida, por razões diversas, não foram poucas. Vitimado por um acidente automobilístico, o Pe. Ivanílton passou a apresentar um distúrbio psicológico grave, incompatível com o exercício do sacerdócio ministerial. Urgido pela expressa e inadiável recomendação, contida no laudo assinado por uma competente psiquiatra, que aconselhava o imediato afastamento do Pe. Ivanílton do exercício do sacerdócio, o Bispo diocesano, para o bem dos fiéis e a preservação da integridade física, mental e moral do sacerdote, mediante Decreto canônico, afastou-o temporariamente do pastoreio da paróquia do Sagrado Coração de Jesus, em Pariconha, sem a privação do uso da ordem sagrada, com o intuito de submeter o presbítero ao devido tratamento. Enquanto permaneceu no seio de sua família, não lhe faltaram a dedicada atenção dos seus parentes e a constante e efetiva ajuda do Bispo diocesano, que, fazendo as vezes do clero, foi um verdadeiro pai solícito, paciente e amável.

Ao Deus da vida, entregamos com confiança a alma do Pe. Ivanílton, suplicando-Lhe que, pelos merecimentos da paixão, morte, ressurreição e ascensão do seu Filho Jesus Cristo, Nosso Senhor e Salvador, e pela comunhão do Santo Espírito, aquele que aqui na terra caminhou e viveu pela fé agora contemple a beleza infinita de Deus, na pátria celeste, onde o próprio Senhor enxugará toda lágrima dos olhos e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição (Ap 21, 4).

Disse o Senhor: Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá (Jo 11, 25-26). Descanse em paz, Pe. Ivanílton!


Palmeira dos Índios, 11 de novembro de 2009

D. Dulcênio Fontes de Matos
Bispo da Diocese de Palmeira dos Índios - AL


      No sepultamento era notável a comoção dos seus pares, os padres que com ele foram ordenados em 2005 estavam muito abatidos. A comunidade católica da Diocese de Palmeira dos Índios sofreu uma grande perda.
 
     

  MENSAGEM DEIXADA PELO PADRE TITO PARA SEUS AMIGOS
     
MUITOS CHAMADOS, POUCOS ESCOLHIDOS

Muitos dormem, poucos despertam.
Muitos reprovam, poucos ajudam.
Muitos aproveitam, poucos semeiam.
Muitos estudam, poucos aprendem.
Muitos determinam, poucos executam.
Muitos suspiram pela felicidade,
Poucos se conformam com o suor.
Muitos sonham, poucos fazem.
Muitos reclamam, poucos cooperam.
Muitos aconselham bem,
Poucos acompanham-no.
Muitos pedem, poucos dão.
Muitos desejam, poucos trabalham.
Muitos perturbam, poucos servem.
Muitos exigem, poucos colaboram.
Muitos esperam, poucos se movimentam.
Muitos apelam, poucos atendem.
Muitos cobram, poucos perdoam.

MUITOS FALAM DE JESUS, POUCOS O SEGUEM!

      No caminho que escolhemos para nossa vida, (principalmente vocês, nesse momentode preparação da Festa) recebemos diversos chamados, claro que nem todos nos levam a SEGUIR o caminho de DEUS, mas se nesse momento vocês estão lendo essa mensagem, é porque realmente aceitaram esse chamado, e entre muitos foram os poucos escolhidos para empenhar da melhor maneira, funções diferentes a que foram determinadas, para representar DEUS, aquele mesmo que nos encontrou, nos ensinou a segui-lo, visitou nossas casas, nos mostrou como amar com todo o nosso coração, aberto, sem preconceitos, ultrapassando nossas diferenças, limitações... muitos sabem o que é isso, poucos vão aprender agora, mas lá de longe, vou estar rezando para que todos os trabalhos desempenhados por vocês toquem os corações de todos os cristãos que vão participar dessa Festa, pois queremos todos nós, Jesus e Maria, que muitos sejam escolhidos sabendo que ainda alguns poucos não terão a sensibilidade que nós tivemos, de entender como é grande o prazer de SEGUIR E SERVIR A DEUS!
      Boa sorte, e se sintam privilegiados por serem escolhidos, entre tantos os chamados a representar o amor, do melhor Homem, Pai, Irmão e Amigo que conhecemos.
      Beijos com um pouquinho de inveja por não poder estar ao ladode vocês nesse momento, mas cheio de saudades de cada um, que de uma maneira e em uma hora diferente, me ensinou o que era e qual era o verdadeiro tamanho do amor de DEUS...
     
      Sou feliz e realizado, não sonho com mais nada. Pois já consegui tudo. Pe Tito.


      (Texto repassado por amigos do Padre Tito)


17 de outubro de 2009

Minha Poesia



Minha poesia não quer se impor
Não almeja ser bonita
Não deseja ser grande
Não espera elogios
Não sonha com aplausos
Não anseia alegrias
Minha poesia é um sangramento na alma
Que flui torrencialmente
Minha poesia é o dissabor
É a dor
Minha poesia é a queimadura profunda na derme
Minha poesia não quer ser dinâmica nem inerte
Ela chora
Ela grita
Ela canta
Canções tristes em noites turvas de inverno.

14 de outubro de 2009

Homenagem ao Professor




Eu era pequenino quando conheci esta figura ímpar
Aprendi a amá-lo tão logo comecei a sentir sua dedicação e seu carinho e ao longo da vida:

Ensinou-me
A escrever as primeiras letras
A ler as primeiras palavras
A recitar os primeiros versos
A efetuar os primeiros cálculos
A rabiscar os primeiros desenhos

Devotou-me dedicação e amparo
Quando discuti com outras crianças
Quando caí e me machuquei, cuidou de mim
Quando enxugou minhas lágrimas
E segurou no meu braço para atravessar a rua

Mostrou-me
A beleza das cores presente nas coisas simples
Que poderia sempre superar as dificuldades
Que sempre estaria do meu lado me dando forças
Que a vida é um contínuo caminhar para frente

Não me privou
Da correção no momento do erro
Do abraço e do beijo pelo meu êxito
De me mostrar as sendas da vida
E impulsionar quais delas deveria seguir

Cresci e essa insondável criatura continuou a me acompanhar
Desanimei muitas vezes, mas ele me disse:
Vai em frente, eu te ajudarei, conta comigo!
Quando quis desisti ele me mostrou minha fraqueza
Garimpou minhas possibilidades e me fez retomar o caminho

Tornei-me adulto, obtive uma profissão
mas o que seria de mim sem esta pessoa tão espetacular

Foi paciente
Quando cheguei cansado à faculdade sem ânimo
Quando não obtive bom rendimento
Quando pedi para que explicasse o conteúdo novamente
Quando justifiquei e pedi para fazer a tarefa um outro dia

Foi um herói
Quando me deu bom exemplo
Quando apesar dos maus salários contagiou a turma com exemplos de honestidade
Quando nos mostrou sua história de vida, às vezes tão sofrida
Quando me fez perceber meu valor, resgatando minha auto-estima
Quando mesmo cansado, demonstrou entusiasmo
Quando triste, nos mostrou alegria
Quando muitas vezes me fez retomar a caminhada

Por todas essas coisas e por muitas outras,
Meu querido mestre, meu amado professor
Muito obrigado, por me fazer "mais gente", "mais humano", "mais sociável"...
Muito obrigado por ter escolhido um ofício tão sofrível
Muito obrigado por ter aceitado a missão que Deus te confiou
Ser mestre, assim como Ele o foi
Serei eternamente grato,
Meu amado professor!

Edson Marques Brandão
Diretor do CEJA Remy Maia - Palmeira dos Índios - AL


Com carinho a todos os professores pela passagem do seu dia.